A Amazon está mesmo preparada para funcionar no Brasil?
Executivo da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico defende que a multinacional ainda terá problemas antes de conquistar o mercado brasileiro. Entenda
Quando o brasileiro soube que Amazon iniciaria as operações de venda de eletrônicos por marketplace no Brasil, as ações e o valor de mercado dos principais varejistas nacionais despencaram. Com a marca forte e tecnologia invejável da multinacional chegando ao País estaria começando o início do fim do varejo tupiniquim?
Apesar de tímida, a ampliação dos serviços da Amazon no País às vésperas da Black Friday trouxe grandes promessas e agitações. Para Carlos Alves, diretor de Marketplace da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), no entanto, o momento é de celebração.
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“A chegada de uma gigante como a Amazon trará mais amadurecimento, oportunidade de venda e crescimento do marketplace brasileiro”, diz. “Não acredito que ela irá atrapalhar em nada o faturamento dos varejistas nacionais nas datas importantes, como a Black Friday, por exemplo. Acredito que os consumidores vão acessar sim para conhecer, mas o preço dos varejistas nacionais ainda é mais competitivo”, completa.
Dificuldades
A varejista multinacional tem como forte diferencial seus sistemas altamente tecnológicos e digitais. Toda a agilidade da companhia permite que ela proporcione uma experiência invejável aos seus clientes, um dos principais temores dos varejistas nacionais que ainda engatinham no processo de transformação digital.
“A tecnologia de ponta da Amazon precisará passar por um processo de tropicalização e isso demanda um tempo. Acredito sim que eles têm competência para transformar as ferramentas usadas em países da Europa e nos Estados Unidos para a realidade brasileira, mas para isso ela precisará conhecer o Brasil primeiro. E é neste período de que os outros varejistas terão que correr para alcançar a régua de experiências que ela vai proporcionar aos usuários brasileiros”, diz.
Diferenciais
O executivo contestou ainda alguns diferenciais apontados pela empresa como o uso de ferramentas para preço dinâmico e de frete diferenciado para até 52 localidades.
“O preço dinâmico funciona muito bem, mas já é usado no Brasil. É claro que a plataforma deles é muito boa, mas não é uma novidade. Já a proposta de frete é uma demonstração de desconhecimento da empresa sobre a realidade do País. Isso não é um diferencial, é falta de informação”, completa.
Novidades
Alves disse que o mercado de marketplace do Brasil já espera que a empresa ofereça novos produtos além de livros e eletrônicos até a Black Friday e que, por isso os varejistas tem se preparado mais para este ano.
Apesar disso, o executivo afirma que o consumidor não deve esperar que os marketplaces ofereçam preços mais baixos.
“Os varejistas estão investindo em estratégias de marketing para bater de frente com a Amazon esse ano. Acho que essa Black Friday vai ser gostosa”, conclui.